A assistente social Newvone Ferreira da Costa falou sobre face repressora do estado e violência urbana no Brasil

O Sindicato dos Professores Municipais do Rio de Janeiro participou da Bienal do Livro no município com o stand Espaço de Educação Paulo Freire. A instituição está promovendo oficinas, palestras, contação de histórias e rodas de conversa, além da divulgação de livros. Uma das convidadas para estas atividades foi a diretora da AASPSI Brasil Newvone Ferreira da Costa, participando da roda de conversa com o tema “Criminalização da pobreza: entendendo a violência”, no dia 31 de agosto.
O evento reuniu professores, o público da bienal e também contou com a presença do deputado estadual Waldeck Carneiro (PT). Newvone pode falar da sua experiência de 32 anos como assistente social do Sistema Prisional.
A professora falou sobre a criminalização da pobreza e crescimento da desigualdade social na atual conjuntura. Trouxe apontamentos sobre a criminalização dos movimentos sociais e as duras estatísticas brasileiras: 812 mil presos e apenas 390 mil vagas no Sistema Prisional e 881 pessoas mortas no Rio de Janeiro em apenas seis meses. Estes números somados aos dados da violência policial em nosso país mostram que por aqui o aparato policial/penal serve a um propósito bem definido: manter as desigualdades sociais tal como estão. “É uma forma de criminalizar os meios de sobrevivência da população mais empobrecida”, expôs Newvone.
A assistente social citou Lõic Wacquant, sociólogo que estuda a lógica repressora do estado. Ele acredita que esta estrutura seja dirigida às comunidades consideradas mais “propensas” ao crime, ou seja, às populações que têm uma inserção precarizada no mercado de trabalho e se encontram fora da cada vez mais reduzida rede de proteção estatal.
Newvone também falou sobre a face social, cultural, política, econômica e moral da violência urbana no Brasil. “A violência urbana é grande em países em que os mecanismos de controle social, político e jurídico funcionam mal”, explicou. Para ela, uma das causas do crescimento da violência urbana no país é a aceitação social da ruptura constante das normas jurídicas e o desrespeito à noção de cidadania.
Foto: Sinpro-RJ